Nazaré Robalo: guia no GT Cultural

Nazaré Robalo: guia no GT Cultural

“Se eu fosse Deus, parava o sol sobre Lisboa”, escreveu F. Assis Pacheco.

Espreitando Lisboa ao despertar, junto à capelinha da Senhora do Monte, a luz recorta as ameias do castelo contra o azul do céu…parece um bilhete-postal! Ao meio-dia, desde Santa Catarina, a luz quase desmaterializa as formas do casario e vai espelhar-se no Tejo. Não há fim de tarde de verão como o que se vislumbra da janela da minha mansarda no Bairro Alto…é como se uma poalha dourada se espalhasse sobre a colina, indo, de um lado, afagar a Mouraria e a Baixa e do outro, morrer, dolentemente, no rio.

Lisboa é ainda a cidade das mil cores, do ocre pombalino aos vários matizes de rosa, ao verde dos parques e jardins, das fachadas azulejadas que refletem a luz como se espelhos fossem. É também a cidade branca, um branco pérola que tanto fascinou Mary Mac Carthy que, ao escrever ao seu amigo Alain Tanner, lhe confessou que, em Lisboa, tinha “a sensação de uma nostalgia branca”. Qual é o segredo que Lisboa guarda, que magia transmite que deixa enamorados todos aqueles que a visitam?

Na minha já longa vida de guia-intérprete/historiadora da arte, acompanhando gentes de origens diversas, e não menos diversas formações, desde pintores japoneses, a arquitectos suecos, de jornalistas turcos, a fotógrafos franceses, de médicos americanos a… a lista não teria fim! É, pois, esta luz que realça a beleza desta cidade feita de contrastes, onde uma exuberante igreja manuelina convive com uma capelinha de bairro, ruinas romanas com arquitecturas contemporâneas, miradouros donde Lisboa, um pouco atrevida, se desnuda a vielas escuras, onde se esconde, guardando o seu mistério…

É para descobrir tudo isto e algo mais que vos convido a vir comigo. Estou certa de que, juntos, vamos acrescentar muito à biografia desta cidade única que, ao longo dos séculos, inspirou tantos artistas! Conto convosco! Até breve…

Nazaré Robalo

Patrícia Cabral - 3 Março, 2013